domingo, 23 de setembro de 2007

Anos bizarros...


Em uma tarde reorgarnizando algumas fotos antigas, deparei-me com uma série de imagens grotescas que meu hipocampo lutou para que eu esquecesse. Afinal, sabemos que quando sofremos algum trauma visual, nosso córtex pré-frontal é ativado, bloqueando as eventuais figuras/imagens/aberrações. As fotos são horrendas, entretanto, uma delas me foi muito útil. Como acham que mantive minha cadela longe do tapete da sala, quando queria nos presentear com o produto de sua digestão?
Anos 80. Época pavorosamente hilária.
Um tempo em que regata com blazer não dava cadeia.
... O quê? Como assim ainda não dá? Bom, a Constituição está precisando mesmo de uma reformulação, que ponham essa cláusula quando a refizerem.
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Nesse período encarei ombreiras enormes, fazendo-me parecer uma versão pocket de He-Man, com ombros largos e altos, absolutamente inapropriados para uma criança de 9 anos. Devo confessar, porém, que este acessório foi de extrema serventia em alguns momentos: garantia um cochilo gostoso durante a pregação dominical do Pastor. Prático. Vire a cabeça e sonhe.
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Já a indústria fonográfica nos apresentou o duvidoso talento do grupo Dominó. Brega e irritante. Deliciosamente propenso a paródias. Um dos integrantes – Marcos, acredito eu – ostentava um cabelo típico da época. Tal estilo, homenageado inconscientemente pelo integrante Chimbinha, da banda Calipso. Vale ressaltar que a mecha deste último, muito se assemelha à gordura de um pedaço de carne de charque. Não crêem? Observem bem. Ou melhor, não observem.
Outras figuras curiosas foram os cantores Luís Caldas e Sarajane. O primeiro, era portador de um visual peculiar. Entusiasmado, cantava remexendo os cabelos – cuidados tanto quanto um punhado de sargaço – e sacudia os pezinhos, sempre descalços. Este detalhe fez-me questionar se ele cantaria assim na beira um vulcão. Nada pessoal, sou de gêmeos, minha sina é perguntar. A segunda ensinou-nos a abrir a “rodinha” – é, piada infeliz, mas não resisti – com seu hit... "Abre a Roda Morena".
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Contemporâneo do profissional citado acima, estava o “adocicado” – perdão pelo trocadilho infame – Beto Barbosa. Bailando freneticamente os quadris, exibia uma singela faixa de cor cítrica na cintura. Cor essa, um tanto difícil de definir. Talvez, mas só talvez, faça parte da paleta de cores que um drogado à base de muito LSD, contemple em suas mais loucas alucinações. Geralmente, variavam entre: Laranja 150, Pink 300 e Verde-limão 220. Os números adjacentes às cores indicam a intensidade do choque que nossos olhos sofriam ao se depararem com tais faixas. Eu poderia passar mais algumas horas relembrando os tempos bizarros e as criaturas toscas que essa época nos trouxe, mas não me agrada ter um colapso nervoso.
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Indubitavelmente foi uma década marcante e percebo sua influência manifestando-se muito mais do que eu queria. Ao construir minha feiticeira em D&D, notei com uma ponta de desgosto: as feições da minha garota lembravam as da cantora Rosana. Suspirei, tomei um antidepressivo e voltei a jogar. A vida continua, a década já foi... Graças aos céus.
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Por Lu, que em clima de nostalgia, deu duas voltas ao redor da mesa com um pogobol imaginário.
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É válido enfatizar, que a década de 80, apesar de toda a esquisitice, teve seus momentos gloriosos: The Gonnies, Caverna do Dragão, The Smiths, The Cure, Madonna, Thundercats, De volta para o futuro... =)