11: 34. Ouço estalos. Três gritos. Estou cerca de meia hora em uma boate.
Cinco. Não. Seis palavrões do lado de fora. Mais um penetra espancado pelo segurança. Os estalos são do nariz do sujeito, os gritos de suas acompanhantes; os seis xingamentos variavam de dono. Dois do segurança, três do engraçadinho e um do mendigo que caíra, quando corpos foram arremessados em sua direção. Volto a beber.
Meu sangue ferve. Infelizmente o dele aparentemente também. Bom, talvez mais o dele que o meu afinal. As coisas podem ficar bem quentes de agora em diante. E não estou nem um pouco contente ao constatar isso. Ele se aproxima dançando. Tão...ridiculamente interessante de se olhar. Diz obscenidades ao meu ouvido. Nem que eu quisesse me excitaria com aquilo. Perguntei até que ano escolar ele cursou. Ofendeu-se. Mostrou-me o dedo do meio e foi embora. Eu ri. Minhas sinceras desculpas... mas por hora, meu cardápio não inclui homens caucasianos, de 1,80m e pêlos brotando da blusa preta. Você deu sorte, amigo.
Hoje.
Hoje.
Mas tente não esbarrar em mim amanhã. Sua garganta iria ter uma marca por alguns segundos muito mais interessante que a sua tatuagem. Que se me permite dizer, é de péssimo gosto. Mais um gole da bebida. Ri mais uma vez. Entendo...
Como pude não associar Freedom, aos vários espelhos existentes nas paredes e ao barman que... acabou de piscar para mim? Ótimo. GLS Bar. Discreto por sinal, lá fora não há sinais denunciando este ambiente. Embora... Oh, ok. Então o beijo na bochecha daquele rapaz da fila... Pensei por um momento presenciar “Pai” e “Filho” muito próximos.
Percepção um pouco fraca essa noite, hein? O que me faz questionar: sangue de baixa qualidade ou falta dele? A minha desatenção não é exatamente ruim. O sujeito ao lado usava uma lingerie debaixo da blusa azul. Sustentar exatamente o quê, não faço idéia. Mas me assusta descobrir os fetiches dos presentes.
...
Não que a condição de hematófilo seja comum, mas isso não vem ao caso.
11:58. Olho brevemente para a entrada do recinto. Seis homens chegam. Observam cuidadosamente o local, parecem procurar um... Hora de sair. Porta dos fundos, claro. Alguém me pega pelo braço. Hey, assim você facilita as coisas para mim. Estou com fome. Ora, não é o jovem de minutos atrás? Insultava-me da mesma maneira. Ri. Gravou minha pergunta sobre ‘escolaridade’. Amigo, sem ressentimentos. Ouço um estalo, seguido de palavrão. Ah, perdão... Quebrei seu dedo? Não dói tanto assim, dói?
Estava no chão. Resmungava algo que eu não me dei o trabalho de decifrar. Carteira. Vinte dólares. Dois preservativos. John. Comum.
Bom, mas eu avisei. Não? Coço a cabeça. Eu lembro de ter avisado. 2:30. Ah, foi algo como “Tente não esbarrar em mim amanhã”. E tecnicamente... não se importa? Bom, para ser sincero, nem eu. Seus vinte dólares? Claro. Fico com seu pescoço. Fui rápido.
Hey, sem remorsos. Nunca daria certo. Diferenças irreconciliáveis.
11:58. Olho brevemente para a entrada do recinto. Seis homens chegam. Observam cuidadosamente o local, parecem procurar um... Hora de sair. Porta dos fundos, claro. Alguém me pega pelo braço. Hey, assim você facilita as coisas para mim. Estou com fome. Ora, não é o jovem de minutos atrás? Insultava-me da mesma maneira. Ri. Gravou minha pergunta sobre ‘escolaridade’. Amigo, sem ressentimentos. Ouço um estalo, seguido de palavrão. Ah, perdão... Quebrei seu dedo? Não dói tanto assim, dói?
Estava no chão. Resmungava algo que eu não me dei o trabalho de decifrar. Carteira. Vinte dólares. Dois preservativos. John. Comum.
Bom, mas eu avisei. Não? Coço a cabeça. Eu lembro de ter avisado. 2:30. Ah, foi algo como “Tente não esbarrar em mim amanhã”. E tecnicamente... não se importa? Bom, para ser sincero, nem eu. Seus vinte dólares? Claro. Fico com seu pescoço. Fui rápido.
Hey, sem remorsos. Nunca daria certo. Diferenças irreconciliáveis.
Eu, morto. Você, vivo.
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Escrevi esse conto ano passado ao som de "Heaven Sent" da Esthero, uma delícia de ouvir... Talvez esse post seja a manifestação do meu atual vício: True Blood .
Um seriado como esse só poderia estar na grade da HBO. Quer dizer, sabe todas aquelas histórias lindas de vampiro decapitando, drenando sangue, torturando e se comportando como um Cavaleiro do Apocalipse?
É, está tudo lá. Sem tarjinha preta para atrapalhar. 8D
Escrevi esse conto ano passado ao som de "Heaven Sent" da Esthero, uma delícia de ouvir... Talvez esse post seja a manifestação do meu atual vício: True Blood .
Um seriado como esse só poderia estar na grade da HBO. Quer dizer, sabe todas aquelas histórias lindas de vampiro decapitando, drenando sangue, torturando e se comportando como um Cavaleiro do Apocalipse?
É, está tudo lá. Sem tarjinha preta para atrapalhar. 8D
Para quem curte mesmo o tema - como eu - é super válido dar uma espiada em True Blood. Como não li os livros nos quais o show é baseado, só posso opinar sobre o trabalho de Alan Ball, diretor da série (e criador do excelente À Sete Palmos, vale ressaltar). O cara está levando bem, retratando a suja, decadente, violentíssima e - por vezes - sensual sociedade vampírica... E eu realmente espero que continue assim.
Ps: Brush usado na pintura foi criado por http://www.damnedinblack.net Passem lá porque vale a pena =)
