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Atenção: Esse texto
contém informações do histórico da personagem.
Esse é um daqueles textos que eu
simplesmente podia ignorar. Mas, como fiz no post de Isabela, resolvi escrever
um pouco minhas impressões sobre a personagem. De.novo.
Eu gosto de Ashley. Na verdade, esse
sentimento foi crescendo aos poucos. Entretanto, isso não significa
necessariamente concordar com todas as atitudes e posicionamentos, certo? Certo.
Então, deixem-me fazer um
paralelo aqui.
A personagem¹ me lembra um pouco o de Matt Dillon em Crash,
aquele policial racista que lutava para conseguir um tratamento para o pai com
uma doença terminal. Quem lhe nega isso, entupindo o pedido de burocracia é uma
mulher. Negra. Em qualquer outro filme, provavelmente, o personagem iria embora
puto – coberto de razão – com a mulher, xingaria Deus e o mundo, mandaria todos
para o inferno. A última coisa que ele repararia ou lembraria era a cor da
atendente. Porque isso não faz a.menor.diferença.
Existe gente escrota de todas as
cores, credos, classes e orientação sexual. É pateticamente óbvio. Eu sei
disso, vocês certamente devem saber. Porém, em Crash, eles procuram mostrar os
tipos de preconceitos, o lado podre do ser humano. E claro, a consequência de
tudo isso. Chamem de karma, se
quiserem.
No filme, não é que eles justifiquem
Matt Dillon de ser racista. Simplesmente o apresentam e tentam contar pra gente
de onde veio esse ódio. Depois de ver, absolvi
Dillon? Não, mas o achei interessante enquanto personagem. Sua complexidade.
Seu preconceito é repugnante e a forma como passou a tratar os outros
(no caso, os negros) depois do que houve com seu pai é horrível.
Por que comecei explicando isso?
Porque se Ashley não fosse bem escrita, sem dúvida eu começaria o texto de um
jeito diferente. Sorte dela e nossa. Pois assim como em Crash, Mass Effect
procura entregar uma personagem multifacetada ao jogador. Nos diálogos, vemos
Ashley Williams recitar lindamente poemas, descobrimos sua religiosidade, seus
laços fortes com as irmãs e sua amargura em relação aos alienígenas...
A família de Williams tinha um longo histórico de servir ao exército²
e, pela tradição, ela acabou abraçando essa carreira. Nela, há o desejo de
limpar o nome de seu avô – também soldado – conhecidíssimo na Alliance por ter
sido o primeiro humano a se render a uma força alienígena na Guerra
do Primeiro Contato. Isso acabou por manchar o nome dos Williams e
atrapalhar as futuras promoções de Ashley em sua carreira como soldado, além de
contribuir para a péssima imagem que ela tem de outras raças. Ai, ai, Ashley...
Entenderam meu paralelo?
Apesar de sua inquestionável
competência, o talento dela era desperdiçado em postos insignificantes,
impedindo-a de ganhar experiência e ascender profissionalmente. Inconformada, a
garota se desdobrou para se tornar a melhor
das melhores, totalmente dedicada ao seu trabalho. Esse foco, essa vontade
de provar seu valor fez de Ashley alguém muito dura. Ela não pensa muito antes
de falar e definitivamente tem o pavio curtíssimo.
Sua história começa a mudar a
partir do momento que a encontramos em Eden Prime. Ashley foi a única
sobrevivente em meio ao caos que se instalou na área. Quando vemos a situação,
é de aplaudir a garota. Eden Prime tinha virado um inferno. Tendo seu potencial
reconhecido, ela logo entra para a equipe de Shepard na Normandy e aí podemos conversar
finalmente com Williams.
Ashley se mostra muito
desconfortável com a presença de alienígenas na espaçonave e com o tempo
descobrimos de onde vem essa desconfiança (como já citei). Ela acha que os
humanos não podem esperar uma aliança duradoura da parte dos aliens.
Durante a saga, esse preconceito
de Ashley vai sendo...esmaecido e isso é uma das coisas mais legais do game. É
muito bom ter a oportunidade de abrir a mente de uma pessoa preconceituosa. Sua
(ou seu) Shepard pode influenciá-la positivamente.
Em um dos diálogos – logo quando
Liara entra para tripulação da Normandy – Ashley pergunta se Shepard quer que
ela tente saber sobre a vida sexual da asari, só pra provocar, já que Liara é
tímida e discreta sobre isso. O jogo te dá a opção de negar isso, dando um
“chega pra lá” em Williams e explicando que Liara não está acostumada a essas
questões. Ela parece depois respeitar Liara, e futuramente até conforta-a
quando a asari passa por um momento dificílimo.
Dependendo de suas escolhas e do relacionamento
estabelecido com Williams, veremos que ela considerará Tali como uma irmãzinha e
diz apoiar se Shepard quiser ter um romance com a quarian.
“...Not that you needed my approval." – completa a própria Ashley.
Quando reencontra a colega em uma
das missões, diz estar feliz por Tali ter voltado para a Normandy. E isso são
só algumas cenas que lembro. Há mais.
Ela poderia ficar presa naquele
julgamento do personagem de Matt Dillon, mas, felizmente a Bioware decidiu ir
além com ela, propondo algo como: “Hey,
aqui está Ashley. Ela é um tanto chata, cabeça-dura e vai te dar algumas dores
de cabeça com sua desconfiança perante outras raças...se quiser conhecê-la,
quem sabe você possa ajudá-la a ver o mundo de outra forma?” Por isso
fiquei gostando de Ashley, curti ver esses pequenos momentos em que
presenciamos seu crescimento.
Como disse lá no começo, definitivamente não
concordo com muitas de suas falas e posicionamentos, mas isso não me impediu de
achá-la interessante. Quer dizer, quantas personagens
de games têm esse nível de desenvolvimento? Quantas fazem o jogador prestar
realmente atenção em seus históricos ou refletir sobre o que é certo e errado?
Espero ter sido clara no meu
texto sobre a questão do preconceito, dos exemplos que dei e na minha breve
análise da personagem.
Quanto ao desenho...
Optei por mesclar o look que ela possuía em Mass Effect 1 (no caso, a
armadura) e em Mass Effect 3 (os cabelos soltos). O rosto de Ashley não foi um
dos mais fáceis de desenhar e fiquei na dúvida se deixava o cabelo solto... Pois
a acho bem mais bonita no primeiro game que no terceiro. O resultado está aí.
=)
‘Té mais.
¹ Ambos são interessantes enquanto personagens e tocam em assuntos
delicados.
² A Alliance no universo de Mass Effect.
Bem, você disse basicamente tudo. Eu ainda não conheço a Ashley Williams de ME3, infelizmente ainda não tive a oportunidade e tempo para jogá-lo... =/
ResponderExcluirAfinal, esses dois anos que Shepard ficou inconsciente, seus pensamentos e sentimentos devem ter mudado. Como já disse em um outro tópico, Miranda Lawson é minha favorita, Ash irá ser apenas uma amiga.
Mais um fanart bem feito.